terça-feira, 8 de novembro de 2011

Entrevista com Rosaline Nunes

Mulheres são mais disciplinadas nos investimentos


Rosaline Nunes é uma mulher que sabe o que quer. Desde que decidiu estudar economia, tinha a certeza de que não poderia seguir outra carreira. Por meio do convite de um professor, iniciou sua carreira em instituições financeiras e seguiu determinada. Hoje na área de Wealth Management do banco HSBC, a executiva ajuda seus clientes a cuidar de seus investimentos. Rosaline participa ainda das comissões de Produtos de Varejo e de Educação da Anbid. Na entrevista a seguir, Rosaline fala sobre as características fundamentais de qualquer investidor e destaca o papel das mulheres no mercado. Na sua vasta experiência, ela percebe que "nas decisões, as mulheres costumam ser mais consistentes e o homem talvez seja mais agressivo”. As mulheres estão vencendo barreiras e começam a assumir cargos de liderança.



Pitacos na Rede: Qual deve ser o primeiro passo para quem quer começar a investir?

Rosaline – Informação é o que mais se tem hoje em dia. É preciso entender quais são os seus objetivos, ter claro o que você quer. Os bancos estão se preparando cada vez mais para poder dar um atendimento diferenciado aos investidores, todos sabem que precisam orientar melhor seus clientes. Mas o cliente também tem que ter clareza em seus objetivos. Querer ganhar muito dinheiro e não correr risco, isso não existe. Então, na hora que você vai ver o que fazer com o seu dinheiro, tem que saber o que te espera, quais as perspectiva para a frente. É muito importante que o investidor busque informações, mas que também se conheça.

Pitacos na rede: Você vê diferença entre os investidores homens e mulheres?

Rosaline – Aqui no banco a gente tem um número grande de mulheres que são investidoras, mas em termos de características de produtos eu não tenho uma estatística de comprovação. O que eu vejo e o que todo mundo diz é que o homem às vezes é mais agressivo e a mulher tem mais disciplina. Nas decisões, as mulheres costumam ser mais consistentes e o homem talvez seja mais agressivo.

Pitacos na rede:  Na sua visão, como são as mulheres em relação aos investimentos?

Rosaline – Tem uma pesquisa da Latin Panel que mostra que as mulheres comandam 80% das decisões de compra. Uma pesquisa da Bovespa apontou que 62% delas cultivam o hábito de poupar ou investir. Então, já é um sinal de mudança. Hoje ela já está comandando a família, por isso ela precisa ter uma visão diferente.

Pitacos na Rede: Em relação à educação financeira, você acredita que deve haver algo específico para mulheres?

Rosaline – A educação financeira independe de idade, renda ou sexo. É para todo mundo. No atual cenário de juro real mais baixo, onde ganha espaço um mercado de risco com uma participação maior na indústria, é fundamental fazer com que o planejamento financeiro faça parte da rotina de todos, independente do sexo. É uma nova fase dos investimentos.

Pitacos na rede: Quais características femininas podem ajudar no momento do investimento?

Rosaline – A mulher tem uma percepção mais aguçada, tem uma intuição. Talvez ela seja mais conservadora às vezes, mas acho que no conjunto acaba havendo um equilíbrio. Numa visão de família de médio e longo prazo, as características das mulheres acabam contrabalançando. O HSBC fez uma pesquisa - dentro de um universo de renda em torno de 2 mil reais - que apontou que as mulheres conseguem administrar sozinhas as preocupações financeiras de curto prazo, mas elas dependem do homem numa visão de longo prazo. O curto prazo, o orçamento doméstico, ela administra bem. Quando começa a pensar no futuro, ele leva a questão para que o homem decida. Isso é numa determinada faixa de renda, não é total, mas o que você percebe é que a educação financeira é necessária em todos os níveis de renda.

Pitacos na Rede: Como você avalia a atuação das mulheres no mercado atualmente?

Rosaline – As mulheres estão ocupando um espaço cada vez maior na sociedade, tanto no mercado de trabalho como quando se relaciona com o dinheiro. Em relação às instituições financeiras, há muitas mulheres, mas ao subir na hierarquia da instituição ainda se vê uma pequena participação.

Pitacos na rede: Como o mercado percebe essa participação feminina? Há diferenciação em lidar com mulheres no gerenciamento, no dia a dia?

Rosaline – Eu acho que o negócio está muito mais flexível. No passado existia muita competição, agora eu acho que não tem. Não vejo isso tão forte entre as mulheres. Acho que já está se percebendo a importância da participação das mulheres e dessa união. Num passado recente existia mais competição entre as mulheres do que entre homens, mas isso é uma percepção minha.

Pitacos na Rede: Como começou a sua carreira no mercado de capitais?

Rosaline – Eu me formei em economia na PUC – Rio, fiz o mestrado Projetos Industriais e Transporte na Universidade Federal do Rio de Janeiro e comecei a trabalhar no município. Queria ter outras oportunidades e fui trabalhar no Ibmec com um professor da PUC. Depois ele foi para um banco e me convidou para trabalhar na equipe dele. Comecei no Banco Boa Vista, depois fui para o Citibank, até chegar ao HSBC. Antes, trabalhei no Ibmec como pesquisadora e fui incentivada a dar aulas na graduação da PUC. Tive alguns bons mentores na minha carreira profissional, que me ajudaram bastante. Isso é muito importante.


Pitacos na Rede: Mas a mulher ainda é minoria.

Rosaline – Eu não sei se minoria é a palavra correta. A mulher está ganhando mais espaço. O homem ainda domina, mas a mulher vem ganhando espaço dia após dia. Não só no mercado, mas na sociedade como um todo.


Pesquisa: www.comoinvestir.com.br

A inimaginável crise do Euro

Os ingleses criaram o termo pejorativo de PIGS para designar Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (Sapain, em inglês). Usando dessa sigla os ingleses ilustram bem como anda a economia desses quatro países, já que sabemos que em inglês pig significa porco.
Como desgraça pouca é bobagem, a Europa enfrenta uma epidemia de E. coli, que já fez dezoito vítimas fatais e um prejuízo financeiro aos agricultores de 200 milhões de euros por semana. A Alemanha aproveitando a má fase dos países citados, resolveu jogar a culpa no "S", dizendo que os pepinos espanhóis estavam contaminados, mas a acusação não resistiu aos testes científicos e ficou provado que a contaminação eram de produtos da própria Alemanha.
Nesse caso os países com melhor situação econômica terão de ajudar esses quatros que estão por baixo, porque afinal de contas com a economia ruim põe-se em risco a estabilidade da União Européia, que já não é lá muito estável, depois da crise financeira que o mundo atravessou em 2008.
O Velho Continente terá que deixar de lado preconceitos, xenofobia em nome da salvação do sistema financeiro europeu e da moeda única, tendo a Alemanha tábua de salvação.
A visível apreensão sobre os rumos da economia europeia ainda é avassaladora, visto que Portugal e Espanha fecharam nos últimos meses com um déficit preocupante. A pressão sobre os títulos de dívida portugueses voltou a provocar um aumento dos juros, obrigando Portugal a pedir a ajuda do fundo de estabilidade do euro. A Irlanda, cuja credibilidade em banco prestes a falir foi ilimitada, ainda perdura num quadro de incertezas e pedidos de concessão ao fundo de emergência recorrente.

Para uma grande maioria, a criação do EFSF (a sigla em inglês que dá o nome ao fundo de assistência aos países em estado crítico) não resolveu nenhum problema de fundo, apenas permitindo ganho de tempo aos europeus. Enquanto Alemanha e França lutam para limitar a extensão do prejuízo, a Grécia pede a renúncia de seu primeiro-ministro George Papandreaou.



 A manisfestação desesperada de investidores gregos - que clamavam por uma nova forma de administração do país e seus recursos - já especulam se o próximo país a entrar na crise irrremediável é a Itália, que já deu índices suficientes gerados primeiramente pelos escândalos pessoais de seus dirigentes. Com efeito: Papandreau renunciou no último sábado, dia 5, após pressão irremediável de seus conterrâneos e dos países participantes do G20. Com a Grécia quebrada e uma grande dívida a ser repensada e negociada, até mesmo Dilma cogitou injetar uma soma substancial como ajuda a este gigante caído por terra. Já a Itália, na sequência da queda grega, vem pressionando há dias Berlusconi, ícone maior de abusos de ordem pessoal e autoconfiança ilimitada, declarou há apenas algumas horas sua renúncia tão aguardada pelas potências que clamavam por uma definição no cenário político-econômico. A população italiana, que jamais, desde os tempos da queda do império romano e mesmo após a 2ª Guerra, não sofria tamanho enfraquecimento e incerteza nos passos de seus dirigentes enquanto nação. Declarou ao mundo:
 "Depois da aprovação da Lei de Estabilidade, apresentarei minha demissão, de modo que o chefe de Estado possa abrir as consultas e decidir sobre o futuro", disse, acrescentando que essa decisão "não me diz respeito".
"Eu vejo só a possibilidade de novas eleições. O Parlamento está paralisado", acrescentou.
A pressão política pela saída de Berlusconi aumentou com a votação da revisão das contas fiscais de 2010. O projeto passou, mas sem maioria parlamentar. Isso porque a oposição do país, em vez de votar contra, não votou para não atrapalhar a já combalida situação econômica do país.
Do total de 630 parlamentares, 308 votaram a favor do projeto fiscal, um se absteve e 321 não votaram. Assim, o projeto foi aprovado mas o premiê ficou sem a maioria de 316.
A votação desta terça-feira era considerada um voto de confiança informal no atual governo. Sem a maioria, já era previsto que o primeiro-ministro sairia.
O anúncio chega após uma reunião do premiê com o presidente italiano, Giorgio Napolitano, no palácio do Quirinale, sede da Presidência da Itália, junto a lideranças do partido direitista Liga Norte, da base do governo.
Segundo o comunicado da Presidência, Berlusconi teria dito que tem consciência das implicações da votação de hoje e expressou preocupação com a necessidade de dar respostas aos parceiros europeus.
Logo após a votação, o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, afirmou que, independente do resultado, os números teriam que ser levados para o chefe de Estado do país.
ALIADOS RETIRAM APOIO
Além das crescentes pressões das lideranças da zona do euro e da oposição, nesta terça-feira o premiê recebeu um pedido de renúncia de sua própria base governista.

"Pedimos que ele se afastasse", afirmou o chefe da Liga Norte, Humberto Bossi.
Bossi também afirmou que seu partido irá apoiar Angelino Alfano, considerado "herdeiro político" de Berlusconi, para a chefia de um novo governo.
Alfano, ex-ministro da Justiça do governo de Silvio Berlusconi, é atualmente secretário-geral do PDL (Povo da Liberdade - partido de Berlusconi), e seu nome poderia receber um apoio relativamente grande para liderar um governo de transição.
"A SITUAÇÃO É DEVERAS PREOCUPANTE"
Mais cedo, o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, disse após o fim de uma reunião de ministros de Finanças da União Europeia que a situação na Itália é "muito preocupante".
"A Itália tem registrado vários movimentos e não sabemos quais serão seus desfechos", disse ainda Rehn. Segundo ele, a Europa está "acompanhando a situação atentamente".
Também nesta terça-feira, autoridades da Finlândia e da Áustria alertaram que a Itália é um país excessivamente grande para ser resgatado em um pacote de ajuda, a exemplo do que está sendo feito com a Grécia.
O primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, disse que a Itália é um país grande demais para ser resgatado por um programa de ajuda. "É difícil ver que nós na Europa teríamos os recursos para colocar um país do tamanho da Itália em um programa de resgate", afirmou em discurso no Parlamento.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A juíza e uma censura quase branda






A ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Iriny Lopes, anda às voltas com três episódios que se entrelaçam na polêmica busca da defesa da imagem da mulher perante a sociedade. São eles a propaganda de lingerie em que Gisele Bündchen encarna uma conselheira sedutora, a declaração ao vivo do comediante Rafinha Bastos no programa CQC que dizia que “comeria a mãe e filho” (ela está grávida e o verbo comer está em sentido pejorativo) e dois programas da Rede Globo em que as incitações de estupro num quadro de Zorra Total e a violência do marido contra a esposa na novela Fina Estampa.
Nos três casos, a ministra levantou questionamentos sobre como o corpo da mulher é utilizado pelos meios de comunicação como forma de humilhá-la, transformando seu corpo em mero objeto. O tema suscita debate sobre os meios de comunicação de massa, importantes instrumentos de formação da sociedade.  E propõe a imediata suspensão destas veiculações. Contudo, os entraves para que se faça uma justiça sadia em relação à visão sexista que vem sendo dada à mulher, além do perfil de subserviência, são gigantescos. Uma grande maioria se contrapõe às suas conclusões, taxando-a de moralista e conservadora. A declaração de Iriny evidencia a construção de uma nova postura em relação ao papel das mulheres. E ao usar os meios institucionais para defender suas posições, longe de querer censurar ou interferir, a ministra mostra que os meios de comunicação têm uma contribuição a dar à democracia e à construção de uma sociedade mais avançada. No entanto, mais uma vez no país em que os panos quentes são mais eficazes, a exibição dos quadros podem continuar – com exceção de Rafinha, que já teve sua reprimenda – por tempo indeterminado. Vale lembrar que o tempo corre e que a Justica parece andar em câmera lenta em relação à proposição de Iriny. E enquanto isso, a TV, com seu poder de veiculação, suavizará toda e qualquer tentativa de se frear a superexposição e degeneração dos reais valores da mulher. Até quando?!